segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Portal Entrevista - Sidines Silva (capitão do Itaguaí Rugby)

O Itaguaí Rugby foi fundado em julho de 2008. Antes de completar 2 anos de fundação a equipe já foi campeã estadual da 2ª divisão carioca e, conquistou o Torneio Início de Itaguaí em 2009. Sua última conquista foi a Taça de Prata do V International Beach Rugby RJ, disputado em janeiro último, na praia da Barra da Tijuca.

Para 2010, a equipe vem se preparando para a disputa do estadual da 1ª divisão, onde a estréia será contra a tradicional equipe do Rio Rugby, criada em meados dos anos 40 do século XX. Ou seja quase 70 anos de tradição no rugby nacional. O jogo de estréia está marcado para o campo do Itaguaí A.C., no próximo dia 28 de março. Para essa preparação a equipe vem intesificando os treinos e organiza no próximo dia 7 de março, no campo do Itaguaí A.C., o 2º Torneio Início de Rugby de Itaguaí, a partir das 8h.

O capitão Sidines Silva que atua, também, como treinador, relata que a equipe conta com algo em torno de 25 a 35 jogadores e os treinos tem normalmente entre 10 e 25. A maior parte mora no centro de Itaguaí mas temos jogadores de outros bairros como Leandro, Brisamar, Coroa Grande. Além de Santa Cruz e Seropédica. O capitão também é o presidente "extra-oficial" do time e representa o Itaguaí Rugby na Federação Fluminense de Rugby.


 
Acompanhe a entrevista feita com o capitão Sidines Silva do Itaguaí Rugby.

Quais as metas do Itaguaí Rugby para o ano de 2010?
O nosso foco neste início de 2010 é montar uma equipe competitiva para a disputa da primeira divisão do estadual. No decorrer do ano, montar uma equipe feminina e uma equipe juvenil para disputar torneios destas categorias.
Mas a meta principal é a criação do Clube de forma oficial. Para que possamos nos filiar a confederação brasileira e receber patrocínios maiores.
Vocês pensam em ter um atleta nos Jogos Olímpicos de 2016? O que é preciso ser feito?
Sim, seria um sonho e potencial para isso nós temos.
O Rugby apesar de ser o segundo esporte mais praticado no mundo, no Brasil é bem "raso" na quantidade de praticantes. Temos menos de 500 mulheres federadas e menos de 5 mil homens. Então, o caminho para a seleção é curto, mas pela falta de conhecimento técnico e de treinamento é difícil uma evolução longe dos grandes centros do Rugby nacional, onde se concentram os melhores atletas.
Para poder ter um jogador na seleção vai ser preciso muito trabalho, intercâmbio, evolução do time como um todo no entendimento do jogo e um grande foco nas divisões de base, além de, é claro, alguma sorte.
Qual o panorama do Rugby no Estado do Rio de Janeiro e onde o Itaguaí Rugby está inserido?
Há 4 anos atrás o Rio de Janeiro tinha entre 3 a 5 times, todos concentrados na Capital e Região Metropolitana. A maioria sem treinos regulares, com excessão do Niterói Rugby, principal expoente do Rugby em nosso estado. Hoje temos 18 times espalhados por todo o estado e estamos presenciando um crescimento vertiginoso do esporte.
O Itaguaí surgiu como um dos principais representantes dessa nova leva de times, Ganhamos de forma invicta a Série B além de termos tido bons resultados em torneios abertos e amistosos. Hoje somos, portanto, um time que busca estar equiparado com as principais forças do estado.
Em menos de 2 anos de equipe, vocês esperavam uma evolução tão rápida?
Em alguns pontos eu esperava uma evolução rápida por que eu via algumas qualidades em nosso grupo que são fundamentais para um esporte coletivo como o Rugby: Somos muito amigos dentro e fora de campo, formamos um grupo muito coeso, com pessoas que buscam acrescentar e temos pessoas que se destacavam em outros esportes antes de ingressarem no Rugby.
Mas no geral quando eu olho para o que o time é hoje e para o que era há mais de um ano realmente posso dizer que não esperava chegar nesse nível. Nós do time costumamos ver as filmagens dos nossos primeiros jogos e ficamos até envergonhados com a diferença de nível técnico. Tomara que daqui há dois anos isso continue acontecendo.
Existem projetos na região para o desenvolvimento do rugby?
Ainda não. Por isso que nossa principal meta é nos tornar um clube de forma oficial, para poder buscar parcerias com órgãos públicos e a iniciativa privada para fazer projetos relacionados ao Rugby, tanto na vertente social-educativa como para formação de atletas, que para nós no rugby são vias indissociáveis.
Qual a expectativa para o 2º Torneio Início, que será realizado no próximo dia 07 de março?
É boa, conseguimos muitas parcerias e a presença de grandes equipes. Na parte esportiva vamos dar o máximo para vencer, mas o objetivo principal é aprender com equipes mais experientes e se preparar para fazer um bom estadual além de, com a publicidade do torneio, possamos atrair novos praticantes.
Quais as dificuldades que vocês enfrentam ao praticarem um esporte pouco difundido entre parcela significativa da população?
A maioria das pessoas vê o rugby com desconfiança. Por ser um esporte de contato já se passa a idéia de que é praticado por pessoas violentas, baderneiros ou simplesmente malucos. Em segundo lugar as pessoas acham que se treinarem vão quebrar alguma coisa, ir para o hospital etc.
Logicamente, não se pode negar que é um esporte duro, mas tanto nos treinos como nos jogos há recursos e técnicas que aprendemos para nos proteger, então se machucar, para nós, é tão comum como se machucar numa partida de Futebol.
No final das contas é muito mais dificil conseguir que as pessoas entendam o espírito do esporte. É quase incompreensível para quem assiste aos jogos ver tamanha combatividade e entender que é um esporte onde não se critica o árbitro, onde a torcida não vaia ou ofende jogadores adversários, pelo contrário aplaude as boas jogadas destes e principalmente onde não se tem uma estrela. No Rugby o craque é o conjunto.
É dificil passar estes conceitos no país do futebol.
Qual é a estrutura do Itaguaí Rugby? Ela é suficiente para uma evolução dentro do esporte?
Tudo é ainda bastante precário. Não temos campo fixo de treino, treinamos em um campo de rua no canteiro central da Zona Industrial de Santa Cruz e na praia de Itacuruçá. Temos bolas suficientes para treinar, mas ainda faltam uniformes, equipamentos para treino como colchões de impacto e outras coisas.
Temos uma parceria com a academia Espaço Zen que permite quase a todos do time fazer musculação e a Farmácia Saúde que cede algum material de primeiros socorros. Mas no geral, viagens, aluguel de campo, arbitragem, atendimento médico (é obrigatório ter um médico em toda partida de Rugby) sai do nosso bolso.
Já temos o básico para evoluir que é dedicação e gente apaixonada pelo esporte, mas se pensarmos em nivel nacional isso é pouco.